domingo, 28 de outubro de 2018

Era uma vez um pequeno príncipe, um menino especial cujo nome surgiu de uma maneira igualmente especial.
Numa consulta de rotina onde a felicidade e o desejo de ouvir uma vez mais o batimento daquele pequeno bebé fruto de tanto amor, eis que o inesperado surge. Com já 6 meses de gestação a médica deteta uma hidrocefalia muito grave e, por conseguinte, é-nos incentivado o aborto.
Naquele momento ficamos sem chão, milhares foram os pensamentos que invadiram as nossas cabeças, e nesse momento de desespero a fé foi o que nos manteve fortes e unidos, e aquele bebé cujo nome seria Tiago deixá-lo-ia de ser dando lugar a Francisco (nome do Pastorinho, seu anjo da guarda) na esperança do diagnóstico não ser tão aterrador como previa.
Um mês passou e o nosso raio de sol nasceu. Com apenas 1.660kg e 44cm começou assim a sua batalha.
Com apenas 15 dias foi operado pela primeira vez à hidrocefalia, onde lhe foi colocado um shunt e repetiu aos 20 meses essa mesma operação devido ao mau funcionamento do mesmo.
Derivada à sua prematuridade tem também uma Civ+Cia , e epilepsia que surgiu aos 8  meses.
O Francisco foi crescendo e com o tempo foram surgindo as primeiras palavras e os primeiros passos embora que amparado, porém as primeiras suspeitas e duvidas começaram a surgir pois o seu desenvolvimento não estava a ser igual ao da sua irmã. No seguimento destas incertezas fomos encaminhados pela pediatra para uma consulta de desenvolvimento precoce onde através de vários testes descobrimos que ele tinha Paralisia Cerebral.
O impacto e o choque foram grandes, o medo do desconhecido, a preocupação de como seria o seu futuro daí para a frente foram enormes. Nenhuma família está preparada para receber uma notícia destas, e connosco não foi diferente, mas mais uma vez o nosso amor foi mais forte do que tudo o resto e arriscaríamos em dizer que esse amor ficou ainda mas forte. E com as primeiras pesquisas surgiram as primeiras soluções, o centro de Paralisia Cerebral. Lá iniciou a fisioterapia, a hidroterapia, as sessões de snoezelen e a hipoterapia que o ajudaram imenso.
Porém com o decorrer do tempo notamos um desnível de uma perna para a outra, contudo o médico desvalorizou e o que poderia ter sido uma operação simples, tornou-se numa muito dolorosa pois o desnível só piorou e essa operação só se realizou quando o nosso menino tinha 8 anos. Decorrida a osteotomia (operação à anca), o Francisco começou a regredir imenso, pois a recuperação foi muito sofrida e o que até ali ele adquiriu a nível de fala, de postura, etc…com ela se esvaneceu. Desde aí passou a dizer apenas palavras soltas, perdeu totalmente o controlo sobre o corpo, todavia nunca deixou de ser o menino meigo e beijoqueiro que é.
 Várias batalhas foram travadas até então, mas nada nos preparou para a que se seguia, aos 14 anos começou a engasgar-se muito sempre que comia e bebia e a fazer muitas pneumonias e daí a iniciar-se os primeiros exames de contraste foi um passo. Entretanto foi visto pelo médico da grastro que nos deu a noticia mais custosa de todo este processo…o nosso tesourinho ia deixar de se alimentar pela boca para passar a fazê-lo pelo estômago através da PEG. Nunca nos iremos esquecer desse momento. Foi muito longo o período de aceitação, privá-lo de sentir o paladar dos alimentos, nunca mais o poder deixar comer bolachinhas pela sua mão, mistas e panados que eram das coisas que ele mais gostava foi muito difícil.
Como se já não basta-se, passados 6 meses surge uma nova provação. De Fevereiro a Julho de 2015, teve que ser submetido ao bloco cerca de 10 vezes, para colocação de um novo shunt pois o antigo encontrava-se enrolado no intestino, no entanto não resultou e tentaram fazer-lhe uma ventriculostomia que uma vez mais também não resultou e por fim colocaram-lhe um shunt ventriculocardiaco que é o que o nosso menino tem até hoje.
No dia 5 de Junho de 2018 mais uma vez deu entrada no Hospital de S.João com um quadro de pneumonia e septicemia, quadro este que se afigurava impossível mas mais uma vez o nosso campeão derrotou o impossível.
Sim Campeão é o que o nosso menino é, ninguém nos deixa com mais orgulho do que tu. És a coisa mais inspiradora que aconteceu nas nossas vidas. A maior prova de luta, persistência que pode existir.  Crescemos tremendamente como pessoas e desenvolvemos um coração + humano e uma empatia pelos outros de uma forma que jamais teríamos sem ti.
E como em todos os contos de fadas depois de toda a tempestades os príncipes e a princesas vivem  felizes no Kastelo.
E porque em todos os contos de fadas existe uma fada madrinha, a deste lindo Kastelo chama-se Enfermeira Teresa Fraga que deu inicio à sua magia no momento em que projectou este castelo de luz, amor, esperança, alegria e bem-estar não só dos príncipes e princesas que nele habitam mas também das suas famílias. E a nossa deixa um beijinho carregado de amor não só à querida Enfermeira Teresa Fraga mas também a toda a equipa maravilhosa que fazem o sorriso do nosso menino todos os dias, desde o dia 10 de Agosto de 2018.  Um  bem haja a todos/as vós.

Pais e irmã do Francisco Vilaça 



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