quinta-feira, 18 de outubro de 2018


Chamo-me Lurdes sou mãe de uma princesa que se chama Carolina.
Em 2015, eu e o pai da Carolina desejávamos muito ter um bebé, foi uma gravidez muito desejada, correu muito bem, chegado o dia do nascimento, o dia mais feliz das nossas vidas.
Chegou a nossa princesa linda, foram meses de muita alegria. A nossa princesa era uma menina muito sossegada, alegre, saudável, foram meses sobre meses de muito amor.  Chegados os nove meses começou a andar, não queria sossegar em lado nenhum era muito mexericas tirava tudo das gavetas, só queria fazer barulho com os tachos, porque chamava mais a nossa atenção, não gostava de estar sozinha queria sempre sentir alguém por perto dela. Não podia estar sozinha em lado nenhum, tinha medo do escuro, dos barulhos mais altos, mas era uma princesa feliz.
Quando a Carolina tinha 13 meses decidimos que iríamos emigrar para lhe podermos dar um futuro melhor quando entre os 15 e os 16 meses a Carolina começou a apresentar uns picos de febre, que hora chagava aos 39° hora revertida aos 36.8°. Num dia em que a febre tinha mais persistência em não reverter, decidi ir com ela à urgência do hospital Padre Américo em Penafiel. Depois de fazerem análises ao sangue e à urina não tendo alterações seria uma virose. Com o passar dos dias e com a persistência da febre, decidimos ir ao médico de família onde nos disse que estava com início de uma bronquiolite. Depois de medicada para a bronquiolite, passado uns dias a situação parecia que se estava a reverter. A princesa deixou de fazer febre. Com o passar dos dias foi-se notando que a Carolina estava mais apática e com alguns períodos de tosse, por vezes mais persistentes alternando com dias mais calmos. Voltei ao médico com ela e foi-lhe prescrito um xarope para a tosse não sortindo efeito, alterando para outro diferente que sortiu efeito.
Chegado aos 17 meses fomos para França, tudo parecia correr bem, a adaptação estava a ser boa, ao fim de uma semana a Carolina apresentou diarreia e decidimos ir novamente ao médico. Chegados ao médico fomos informados, que a Carolina tinha uns “gânglios” na garganta. Na hora da consulta depois do doutor fazer umas perguntas sobre a Carolina que iria ser sua utente. O doutor quis fazer uma consulta geral e fui-lhe falando no que tínhamos reparado no pescoço, o doutor disse-nos que a Carolina tinha uma otite e uma amigdalite, seria melhor fazer antibiótico e que ao fim de semana queria voltar a ver a Carolina para ver se estava melhor. Passada a semana, voltamos ao doutor com a princesa. Chegados ao doutor dissemos-lhe que a diarreia já tinha passado. Depois do doutor a auscultar diz-nos que a otite também já tinha passado, mas a amigdalite não estava a melhorar.  Este achou melhor trocar de antibiótico e informou-nos que deveríamos voltar na próxima semana para que a Carolina fosse observada novamente. Passada mais uma semana e tudo parecia igual. Chegados ao doutor foi-nos dito que realmente não estava a melhorar da amigdalite. Em conversa com o doutor disse-nos que queria dar outro antibiótico à Carolina. Por o doutor estar a achar esquisito a persistência da amigdalite falou-nos que também podia ser saudades das pessoas mais próximas, que teriam ficado na terra natal. Então aí decidimos que iríamos regressar a Portugal não só para ver se a princesa melhorava, mas também para tentarmos pedir exames para se descobrir o porquê da Carolina não estar a melhorar.
Chegados a Portugal, a Carolina já com 18 meses, fomos ao médico falar sobre o que tinha acontecido em França. O doutor achou estranho tudo o que tinha acontecido durante esse mês.
Este prescreveu análises gerais. Durante a consulta verificamos que a Carolina estava a perder peso, tendo perdido um quilo nesse mês.
 No fim-de-semana tudo voltou a ficar pior. A Carolina não queria acordar por eu insistir em acordar a princesa só me dizia que queria “nanar”, estando grande parte do dia a dormir, tendo falta de apetite.
Os dias passavam e a Carolina continuava igual. Então decidimos ir à urgência do hospital Padre Américo em Penafiel e à chegada começou a apresentar 38,3°, o que achamos mais uma vez muito estranho, porque não tinha apresentado febre antes.
Durante a consulta informei a médica de tudo o que tinha acontecido em França e esta referiu que não havia sinais de otite ou de amigdalite.
As análises à urina efectuadas no serviço de urgência, não apresentavam qualquer alteração.
Foi diagnosticada uma virose e prescreveu paracetamol e brufen de 4 em 4 horas.
Regressamos a casa, durante a tarde e a noite a febre não cedeu aos antipiréticos.
No dia seguinte regressamos novamente ao médico e este informou-nos que a garganta estava   inflamada.
Repetiu novamente o antibiótico, mais um dia passado e a carolina não apresentou sinais de melhoras, continuava prostrada, falta de apetite e a febre permanecia entre os 39° e os 37,5°. Por não haver melhoras, resolvemos consultar um médico a nível particular e este que mal conhecia a Carolina, enviou-a com uma carta para o hospital de Vila real. Chegados ao hospital e após a entrega da carta, imediatamente foram prescritas análises á urina e sangue e mais uma vez sem alterações.
A Carolina ficou internada para vigilância da febre, a perda de apetite e prostração que continuavam a persistir.
Sempre que a Carolina era alimentada, vomitava. Passadas 48 horas de internamento a enfermeira que entrou de serviço achou estranho continuar tudo igual. Perguntou-me se não havia nenhuma melhora, então aí eu disse-lhe que eu não achava, mas os doutores que tinham estado no turno da manhã tinham-me dito que a Carolina possivelmente teria alta no dia seguinte.
 A enfermeira pegou a Carolina ao colo que estava a dormir como passava a maior parte dos dias, depois de observa-la pergunta-me se a princesa era estrábica. Achei estranha a pergunta e logo disse que não. Perante a minha resposta, esta chamou o médico de urgência. A Pediatra após ter observado a Carolina, informou-me que a minha filha tinha que ser submetida a um TAC e uma punção lombar.
 Realizados os exames a Pediatra veio ter connosco e diz-nos que a princesa estava com meningite, devido ao seu estado de gravidade e por não haver neurologia permanente no hospital de Vila Real ia ser transferida de hospital. Passado 1 hora fomos informados da transferência da Carolina para o Hospital de São João no Porto.
Chegados ao porto e depois de tanto correr para fazer exames e mais exames o pior ainda estava para vir. Não havia maneira de ver a Carolina a melhorar pelo contrário era piorava de hora a hora.  A pior noticia estava mesmo para vir quando a Carolina desencadeou crises convulsivas.  De novo a correr nos corredores para fazer uma ressonância magnética saída do exame para melhorar o sofrimento da princesa foi para os cuidados intensivos onde a induziram o coma. Com o passar dos dias os doutores depois de tantos exames fazerem chegaram ao diagnóstico certo. Descobriram finalmente que o que tinha provocado a meningite seria uma tuberculose. Para nosso desespero porque só nos diziam que o estado clínico em que a Carolina se encontrava era muito grave correndo mesmo risco de vida. Passados dias e mais dias não tínhamos notícias agradáveis, pelo contrário, estava sempre a piorar.  Para aumentar o nosso sofrimento  fomos informados que a Carolina tinha que ir ao bloco para procederem a uma descompressão craniana.
Após a descompressão, o estado clínico da Carolina estabilizou. 
Foi-nos transmitido que talvez a Carolina não sobrevivesse, devido à gravidade da situação.
 Dia após dia, semana após semana e o seu estado clínico ia se mantendo começando o desmame da medicação que a mantinha em coma.
 Chegou o dia de tirar de vez o ventilador. Depois de muito medo que não conseguisse respirar por ela, foi uma surpresa quando a Carolina começou a reagir bem. Passado dias o estado clínico que se ia mantendo tivemos alta para o internamento e continuava a lutar pela sua própria vida. Então os dias da carolina eram passados na cama de um hospital. Uns dias melhores outros piores chegamos ao dia em nos foi informado que a Carolina já podia voltar ao bloco para fazer novamente descompressão craniana. No pós-operatório notou-se a evolução positiva da Carolina.
Após alguns dias, foi-me comunicado da alta da Carolina, recusando-me a leva-la para casa.
Propuseram-me a transferência para o CRN onde de seguida me é dito que não pode ir por não ter idade. Então, perguntaram-me se queria que a Carolina fosse para o Kastelo, sem qualquer hesitação disse logo que sim.
Chegados ao Kastelo a princesa, tinha sonos trocados, era alimentada por sonda nasogástrica e não tinha nenhum tipo de reação.
 Após muito esforço, trabalho, dedicação e carinho começou a reagir de maneira diferente.
Retirada a sonda após 4 dias da sua chegada, começou a dormir por longos períodos durante a noite e reactiva aos estímulos. Os dias foram passando e a sua evolução era notória, não tendo nada a ver com a Carolina que integrou o Kastelo à três meses. Já posso voltar a ser mãe a tempo inteiro, posso leva-la para casa à noite e aos fins se semana.
Eu e o meu marido podemos voltar a sonhar na companhia da nossa Princesa.
Lutar sempre, desistir nunca.

Lurdes e Messias, pais da Carolina.



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