Estende a mão e abre bem o teu coração
Cuidar é mais
que um ato, é uma atitude. Representa uma ocupação, preocupação,
responsabilização e envolvimento afetivo com o outro (Leonardo Boff,
2000). Esta atitutde é a base de todo o processo de
enfermagem.
Ser enfermeira
numa UCIP é uma dádiva, uma missão…somos cuidadores, portadores de alegria, fé
e esperança para as crianças e para as suas familias que deixaram muitas vezes
de acreditar na vida.
É neste
contexto de sofrimento intenso, que o papel dos cuidados paliativos
pediátricos, e o trabalho de nós enfermeiros, revela-se de máxima importância,
uma vez que é preponderante no acompanhamento destas crianças e famílias. Os
principais objectivos são, aliviar e acompanhar as crianças e famílias no
sofrimento do fim da vida, com um rigoroso e eficaz controlo de sintomas,
promovendo a autonomia, a dignidade e restantes valores, maximizando o conforto
e a qualidade de vida. A comunicação verbal e não verbal, cuidada e assertiva é
um dos pilares do nosso cuidar diário. A criação de uma relação de confiança
com estas familias e com as crianças é benéfico para a prestação de cuidados de
excelência. Um rigoroso planemaneto de cuidados, a articulação entre prestadores
e o trabalho em equipa é o nosso dia-a-dia.
Proporcionar
um ambiente familiar mas com tratamento hospitalar é o que caracteriza esta
unidade. Toda a atenção é-lhes oferecida…este é o reino encantado das nossas
crianças onde todos os dias são dias de alegria. O prazer de receber um sorriso
deles, um gesto de contentamento, um toque é a melhor recompensa que nós,
profissionais, podemos obter .
Por todos
estes motivos digo que, trabalhar neste serviço é ter a capacidade de
diáriamente estender a mão a estas famílias que merecem o nosso apoio,
atenção e acompanhamento, pois são parte integrante do nosso cuidar, sendo
muitas vezes esquecidas pela sociedade; e
abrir bem o coração a estes meninos que merecem viver
intensamento todos os dias.
Com isto,
deixo-vos o seguinte excerto, que conclui a minha reflexão:
“A borboleta
não vive muito. Mas nesse pouco tempo, ela transforma muitas vidas. No pouco
tempo de vida, ela poliniza as plantas, embeleza a natureza e deixa as pessoas
mais felizes. Ela é um exemplo de que a vida não se mede só em tempo. A vida
também se mede em intensidade”.
Ana Luísa, Enfermeira do KASTELO
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