Brincadeira
proporciona esperança
Ao
exercer a minha profissão, na Primeira Unidade de Cuidados Integrados pediátricos
na Península Ibérica, tenho o dever de desmistificar e desconstruir toda a
neblina que envolve o que é ser educadora neste contexto.
Embarquei
na aventura de fazer parte deste projeto há quatro meses. De uma substituição
surgiu a oportunidade, única, de pertencer à vida destes príncipes e princesas
de forma permanente. Irremediavelmente rendida aos encantos destas fantásticas,
incríveis e maravilhosas crianças, aceitei.
Compreendo
a dificuldade em conceber em primeira análise qual o meu trabalho em
especifico, pois quando falamos em educação de infância, uma das primeiras palavras
que nos surge à cabeça é: desenvolvimento. Bem, as primeiras palavras que me vêm
à cabeça quando penso em crianças é desenvolvimento e felicidade. Acho justo,
podermos unir as duas e ficarmos com a opção incrível de desenvolver mecanismos
de felicidade no quotidiano das crianças em cuidados continuados e paliativos.
Estamos a falar de crianças com doença crónica lutando diariamente por atenção,
de acordo com o seu estado de saúde
No que
se refere aos pais são uns guerreiros que estoicamente com um sorriso nos
lábios lutam pelos seus filhos.
Desta
forma, durante o período de internamento, as crianças tal como todos os
intervenientes englobados no processo, passam por um periodo de adaptação, onde
procuro promover o diálogo e atividades que facilitem a sua interação, vinculo
e segurança com o meio envolvente. Evidentemente, que a família é sempre
incluída.
Neste sentido,
o trabalho é realizado segundo as necessidades, interesses e o ritmo de cada
criança, respeitando as suas capacidades e limitações, tendo sempre como
principal objetivo promover a alegria e a esperança durante os seus dias.
O
nosso dia é preenchido por conversas, mimos, passeios, histórias, música e
jogos. As atividades surgem de forma natural e genuína, encadeando-se mediante
a disposição da criança, onde as intenções pedagógicas são estabelecidas de
forma a não estabelecer barreiras mas sim originar novas opções, caminhos e
desafios.
O
nosso lema, que me apaixonou desde o início, é “dar vida aos dias e não dias à
vida”. Se faz sentido aplicado a todos os âmbitos, muito mais, faz aqui, onde o
tempo pode ser limitado. Dar vida, cor e magia aos dias destas crianças é algo
inacreditavelmente único.
Assim,
o meu trabalho passa por promover um ambiente securizante, conforto e bem-estar
físico e emocional da criança, assim como promover emoções tal como promover e
estimular afetos
Neste
sentido, a minha intervenção tem como base, é sustentada, na carinhoterapia.
Intervimos através do carinho e através do carinho chegamos verdadeiramente a
estas crianças. Diariamente, a equipa multidisciplinar organiza-se de forma
transversal para que o dia-a-dia de cada criança seja único.
Neste
ambiente familiar não lhes falta amor, carinho e alegria. Onde todos os
esforços se unem em prol de cada um deles.
Assim, partilhamos com os familiares das crianças, as rotinas, os
cuidados, as alegrias e as conquistas dos nossos lutadores.
O
kastelo é o sonho tornado realidade para estes príncipes e princesas e neste
sentido farei tudo o que estiver ao meu alcance para que o período de frequência,
na unidade, seja o mais feliz possível .
Termino,
com este pensamento que me parece de todo pertinente partilhar: “enquanto
profissionais, todos nós, devemos agir enquanto tutores das nossas crianças,
não só por imperativo moral, mas sobretudo por altruísmo, que deve ser siamês
da profissão”.
Joana Fernandes
Educadora de Infância do KASTELO
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